segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Comunicado sobre Ano da Fé: cristãos sejam testemunhas críveis e alegres do encontro com Jesus

No ultimo sábado foi publicada, dia 7, uma Nota da Congregação para a Doutrina da Fé com indicações para o Ano da Fé, convocado por Bento XVI, que terá início em 11 de outubro próximo e se concluirá em 24 de novembro de 2013. Contudo, foi difundido, nesta quinta-feira, um comunicado que antecipa os aspectos principais do documento.

Reitera-se que este Ano, convocado com a Carta Apostólica "Porta fidei", representa uma grande ocasião de renovado encontro com Jesus Cristo.

Com o Ano da Fé, Bento XVI quer colocar no centro da atenção da Igreja "o encontro com Jesus Cristo e a beleza da fé n'Ele". É o que se lê no comunicado sobre a Nota para o Ano da Fé. Um documento que oferece "indicações pastorais" em quatro níveis: a toda a Igreja, conferências episcopais, dioceses e, por fim, paróquias, comunidades e movimentos.

O início do Ano da fé – ressalta o comunicado – coincide com dois importantes aniversários: o 50º da abertura do Concílio Vaticano II e o 20º da promulgação do Catecismo da Igreja Católica.

Recorda-se que, desde o início de seu Pontificado, Bento XVI empenhou-se em favor de "uma correta compreensão do Concílio", promovendo o que ele mesmo denominou como sendo a "hermenêutica da reforma", da "renovação na continuidade".

Na introdução da Nota – elaborada pela Congregação para a Doutrina da Fé junto a outros dicastérios com a contribuição do Comitê para a preparação para o Ano da Fé – reitera-se que o Ano da Fé "quer contribuir para uma renovada conversão ao Senhor", para a redescoberta da fé, a fim de que os cristãos sejam testemunhas "críveis e alegres" para aqueles que buscam Deus.

As indicações pastorais – lê-se, ainda – querem favorecer o encontro com Jesus quer mediante testemunhas da fé, quer mediante o conhecimento sempre maior de seus conteúdos.

Em particular, junto a uma solene celebração presidida pelo Papa para o início do Ano da Fé, são auspiciadas iniciativas ecumênicas a fim de favorecer o "restabelecimento da unidade entre todos os cristãos". Com essa finalidade terá lugar uma solene celebração ecumênica.

É encorajada, a nível das conferências episcopais, a qualidade da formação catequética. E ainda se faz votos de um amplo uso das linguagens da comunicação e da arte com transmissões televisivas e radiofônicas, filmes e publicações também em nível popular, acessível a um vasto público. Ademais, será criado um site Internet sobre o Ano da Fé.

A nível diocesano – explica o comunicado –, o Ano é visto como "renovada ocasião de diálogo criativo entre fé e razão" mediante congressos e simpósios. E como tempo favorável para "celebrações penitenciais" nas quais pedir perdão a Deus, "especialmente pelos pecados contra a fé".

A nível paroquial, a proposta central permanece sendo a celebração da fé na liturgia e, em particular, na Eucaristia.

Por fim, justamente para coordenar as múltiplas iniciativas promovidas pelos diversos dicastérios, será instituída – ligada ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização – uma secretaria exclusiva para o Ano da Fé. (RL)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Familia Novo Israel; nota 10 em participação na Festa

Quero deixar registrado a participação de nossa Comunidade na Festa do Padroeiro Cristo Redentor, todos os dias um numero muito bom de jovens, adolescentes e até as famílias, em especial a Dona Jonacilia, que todos os dias esta participando da novena; Adoração e Santa Missa. Jean e André Araujo que estão na organiação e apresentação da parte sociial.
Com essa resposta estamos sendo aquilo que o nosso carisma nos diz, testemunhas, e peço que continuemos a participar até o dia 27/janeiro dia da Grande Procissão e encerramento. Agradeço a todos em nome de nosso Coordenador Geral, Luiz Nascimento e em nome da equipe de organização da Festa. Parabéns Comunidade Católica Família Novo Israel.

Adoração pela juventude

A cada terceiro domingo de cada mês, a nossa paróquia realiza a adoração com intenção especial pelos jovens e a primeira do ano aconteceu com uma boa participação. Na manhã do domingo, dia 15 de janeiro, foi possível estar diante de Jesus Eucarístico para apresentá-lo nossa vida e juventude, a animação e direção do momento ficou por conta de Tiago Willian Santiago. Iniciamos às dez da manhã e acreditamos que a cada mês reuniremos mais e mais jovens diante do Rei Jesus.

Coloque então em sua agenda, próximo mês: Devido ao terceiro domingo ser carnaval, estaremos realizando a nossa adoração no domingo, dia 26, o quarto do mês. Contamos com a presença de todos.
 
fonte: liturgiacristoredentor.blogspot.com

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Festa de Cristo Redentor 2012

De 17 a 27 de janeiro de 2012, estaremos celebrando nosso padroeiro Cristo Redentor e o co padroeiro São Paulo, Apóstolo. Vamos refletir a cada dia os textos da liturgia à luz das urgências na ação evangelizadora:

Igreja em estado permanente de missão 
Igreja: casa da iniciação à vida cristã
Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral 
Igreja: comunidade de comunidades 
Igreja a serviço da vida plena para todos 
 
PROGRAMAÇÃO

Abertura solene da festa: 17/01(terça)
18h Hasteamento da bandeira
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe. Marcus Aurélio, NJ – Vigário
Música: Michelle e Silvio
Liturgia e barracas: Matriz

 1º. Dia: 18/01(quarta)
Jesus Redentor: Força dos fracos e oprimidos.
18h Adoração do Santíssimo
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe. Francisco Gomes, NJ – Vigário
Musica: Equipes de Liturgia Inf. Juvenil
Liturgia e barracas: Equipes de Liturgia Inf. Juvenil

 2º. Dia: 19/01(quinta)
Jesus Redentor, o Filho de Deus!
18h Adoração do Santíssimo
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe. Lauro Freire, NJ
Musica: Shalom
Liturgia e barracas: São Cura d’Ars

 3º. Dia: 20/01(sexta)
“Jesus escolheu os que Ele quis.” Mc 3, 13
18h Adoração do Santíssimo.
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe. Paulo Henrique, NJ
Musica: Esplendor de Cristo
Liturgia e barracas: Nossa Senhora de Fátima

4º. Dia: 21/01(sábado)
'Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens'. Mc 1, 17
18h Adoração do Santíssimo
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe.  Lauro Freire, NJ
Musica: Rosilene e Felipe
Liturgia e barracas: ECC

5º. Dia: 22/01(domingo)
Igreja em estado permanente de Missão
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe. Helton, NJ – Pároco
Musica: Rosa Vermelha
Liturgia e barracas: ECC
(Obs: Neste dia as outras missas acontecem normalmente no horário do domingo)

6º. Dia: 23/01(segunda)
Igreja: Casa da Iniciação Cristã
18h Adoração do Santíssimo
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe. Helton, NJ – Pároco
Musica: Sagrada Família
Liturgia e barracas: Santo Antônio

7º. Dia: 24/01(terça)
Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral
 18h Adoração do Santíssimo
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Fr. Santiago Sánchez, OAR – Área Pastoral da Barra do Ceará
Musica: Louvemos
Liturgia e barracas: Nossa Senhora Aparecida

 8º. Dia: 25/01(quarta)
Festa de São Paulo, Apóstolo-co padroeiro
Igreja: comunidade de comunidades
18h Adoração do Santíssimo
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe. Marcelino(Marcelo), NJ 
Musica: Novo Israel
Liturgia e barracas: São José

9º. Dia: 26/01(quinta)
Igreja a serviço da vida plena para todos
2Tm 1,1-8  (Sl 95) Lc 10,1-9
 Jesus, o enviado, envia não só os apóstolos, mas também muitos outros discípulos e missionários.
18h Adoração do Santíssimo
19h Celebração Eucarística
Sacerdote: Pe. Helton, NJ - Pároco 
Musica: Canção de Amor
Liturgia e barracas: Sagrada Família de Nazaré

27/01(sexta)
Solenidade de Aniversário da Dedicação da Igreja Matriz do Cristo Redentor
Co Padroeiro São Paulo, Apóstolo.
19h  Solene Celebração Eucarística de Encerramento da Festa do Padroeiro
Sacerdote: Pe. Helton, NJ - Pároco 
Musica: Novo Amanhecer
Liturgia e barracas: Matriz

Oração ao Co Padroeiro São Paulo, Apóstolo
Ó São Paulo, nosso co-padroeiro, discípulo e missionário de Jesus Cristo: ensina-nos a acolher a Palavra de Deus e abre nossos olhos à verdade do Evangelho. Conduze-nos ao encontro com Jesus, contagia-nos com a fé que te animou e infunde em nós coragem e ardor missionário, para testemunharmos a todos Cristo Ressuscitado, nosso Redentor, Intercede por nós  ó santo apóstolo de Jesus Cristo! Amém.


Hino do Padroeiro
Letra e música: Antônio Silva

Obrigado Jesus obrigado,
Obrigado Jesus Redentor,
Obrigado Jesus obrigado,
Obrigado porque nos salvou.

Obrigado Jesus pelo amor
que na Cruz tu provaste por nós
ao Pai imploravas perdão
para todos aqueles algozes.

Tu quiseste ficar entre nós,
nas espécies do vinho e do pão
quem dignamente comer e beber
com certeza terá a salvação

Este pão que nós todos comemos
é teu corpo Jesus nosso irmão
este vinho que todos bebemos
é o sangue da libertação.

DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO
EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL - 2011 - 2015

OBJETIVO GERAL
EVANGELIZAR,
a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Grupo de Oração, Tesouro de Deus

Por que temos tanta certeza de que os nossos Grupos de Oração são tão valiosos? O que nos fez chegar a essa conclusão? O próprio Senhor! E é Ele que pede que não nos afastemos de “Seu Coração”, ou seja, de nosso Grupo.
Temos usado a expressão “Grupo de Oração, Tesouro de Deus” e, provavelmente, muitos pensam que este termo partiu de nós. A verdade, porém, é que foi um termo inspirado por Deus. Estávamos, a então constituída equipe da Comissão de Formação, reunidos na casa de Marta e Maria, no Rio de Janeiro, para pensar e discernir a formação de coordenadores. Já tínhamos a primeira parte pronta, aquela que fala da Renovação como uma graça para a Igreja, mas precisávamos dar continuidade. Durante um momento de oração e escuta diante do Santíssimo, o Senhor começou a nos falar em profecias e visualizações sobre a sua obra de amor no meio de nós através dos nossos Grupos de Oração e apareceu, como palavra inspirada, confirmada por visualização, a expressão “Grupo de Oração, Tesouro de Deus”.
Podemos dizer que a raiz da Renovação está no Grupo de Oração. Aqueles professores da Universidade de Duquesne, nos Estados Unidos, que começaram a ler o livro dos Atos dos Apóstolos e desejaram a experiência dos primeiros cristãos, ficaram sabendo que um grupo de pessoas se reunia para rezar na casa de uma senhora chamada Flo Dodge.  Ouviram dizer que lá o Espírito Santo se manifestava com sinais e prodígios como nos primeiros tempos da Igreja cristã. Foram conferir e receberam o batismo no Espírito Santo. Esses mesmos professores organizaram, em fevereiro de 1967, o retiro de final de semana em Duquesne, onde o Espírito Santo se derramou com poder, como em Pentecostes, sobre os participantes que estavam reunidos na capela, no andar superior da casa. Foi aí que começou a Renovação Carismática Católica. Quando saíram de lá, cheios do Espírito, eles sentiram necessidade de estarem juntos para louvar ao Senhor, ler a Palavra, partilhar suas novas e maravilhosas experiências. Passaram a se reunir semanalmente e logo as reuniões de oração multiplicaram-se, alastraram-se como fogo por outras universidades e, dentro de pouco tempo, no mundo todo.
O Grupo de Oração nos descortina a beleza das pessoas que são acolhidas por Deus, a beleza da misericórdia de Deus que se derrama sobre todos os que acreditam e se convertem. O que nos faz chegar à grandeza da misericórdia de Deus é reconhecer “Jesus Cristo é o Senhor”. O Grupo de Oração é o lugar de encontro com Jesus. O nome de Jesus abre portas. A Renovação Carismática Católica, através dos seus Grupos, é uma porta aberta da Igreja, é a porta do acolhimento.  No Encontro Nacional de Formação para Coordenadores e Ministérios (ENF) de 2007, ocasião dos 40 anos da Renovação, recebemos uma palavra que nos fala exatamente isso: “Eis o que diz o Santo e o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi – que abre e ninguém pode fechar; que fecha e ninguém pode abrir. Conheço as tuas obras: eu pus diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar; porque, apesar de tua fraqueza, guardaste a minha palavra e não renegaste o meu nome” (Ap 3,7-8).  
                                                                                           
A interpretação da palavra foi a de que os Grupos de Oração são esta porta permanentemente aberta e que nós, os participantes e servos dos Grupos, somos colunas de Deus para sustentar os fracos e abatidos. No Grupo de Oração o Senhor nos fortalece, nos restaura e nos torna imbatíveis na luta contra o mal para que possamos ser  verdadeiramente esse sustentáculo para os outros.
Em julho do mesmo ano, depois de um momento de intercessão pelos grupos, Deus nos falou em profecia confirmando a palavra que nos havia sido dada anteriormente: “Escutai povo meu, escutai meus filhos e filhas, se vocês se deixassem conduzir pela sabedoria do meu Espírito jamais se afastariam de seus Grupos de Oração. Pois Eu quero vos revelar, com toda a minha autoridade, com toda a minha misericórdia, que o Grupo de Oração, o qual muitos de vocês têm abandonado ou desvalorizado, é nada mais que o meu coração e é no meu coração que cada um de vocês está gravado eternamente. Por isso, Eu mesmo, o Senhor, vos declaro e vos peço: retornem depressa ao meu coração, as portas se abrem. Entrem, entrem e sejam profetas no meu coração. O meu coração se abre para vocês, e o meu coração é cada Grupo de Oração espalhado nesta nação.”
Naquele mesmo Congresso, durante um momento de oração, recebemos a seguinte visualização: havia um mapa do Brasil todo preto, mas durante a oração luzes foram se acendendo como velas. De repente, clarearam o mapa inteiro e transformaram as trevas em luz. A interpretação veio logo em seguida: essas luzes acesas são os Grupos de Oração que se multiplicavam de norte a sul para iluminar o Brasil, levar o evangelho ao nosso povo e incendiar a nossa nação com o fogo de Pentecostes.
Se analisarmos a nossa própria história, veremos que um dia alguém nos convidou para um Grupo de Oração e lá o nosso cansaço, a nossa acomodação, a nossa desilusão transformaram-se em esperança, fé expectante, alegria interior. Nossa vida foi tocada pela bondade, pelo amor, pela misericórdia de Deus. Nós tivemos um encontro pessoal com Jesus Cristo. Depois desse dia, a nossa vida nunca mais foi a mesma, porque, ao encontrar Jesus “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”( cfRm 5, 5).
Que o sentimento de nossa alma seja o mesmo dos primeiros apóstolos: “Não podemos deixar de falar das coisa que vimos e ouvimos” (At 4,20). Que o nosso desejo seja trazer homens, mulheres, jovens e crianças para os nossos Grupos de Oração a fim de que eles sejam batizados no Espírito Santo como nós fomos e possam fazer parte dessa imensa fileira de pessoas que desejam implantar a Cultura de Pentecostes na cultura da morte que predomina no nosso mundo.
Outro termo que temos usado é ”Grupo de Oração, Estratégia de Deus”, estratégia para atrair-nos ao seu coração misericordioso no qual nós somos curados, restaurados e então transformados em discípulos e missionários seus para testemunhar ao mundo que sofre.
No ENF do ano de 2011, foi lançado um desafio aos Grupos de Oração do Brasil: que os Grupos de Oração se tornem missionários, que saiam para as praças e visitem as casas falando do amor de Deus, da salvação em Jesus Cristo e da santificação no Espírito Santo, a fim de que todos se conscientizem da sua dignidade de filhos e filhas de Deus, e passem a viver à altura de sua condição. Este apelo encontra eco numa outra profecia sobre Grupo de Oração que vem com promessas de grande poder do Espírito para todos nós: “Eu derramo sobre vós uma nova unção do meu Espírito. Eu vos liberto do desânimo, da frieza espiritual e lhes dou uma nova unção do meu Espírito. Eu faço arder em vossos corações o espírito missionário. Eu renovo a alegria e o amor em vossos Grupos de Oração e vos chamo para um tempo novo. Portas de missão se abrirão para vós, desde que sejais dóceis ao meu Espírito. Eu inauguro no meio de vós, a partir deste momento, um tempo novo, um tempo de bênçãos, um tempo de graça, onde o meu Espírito se moverá com poder para renovar a face da terra.”
Assim seja!
Maria Beatriz Spier Vargas
Secretária-Geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Votos - e ações - de paz puxam o fio da meada dos desejos para o ano novo. Nesta entrevista, a filósofa e professora Aila Pinheiro conduz o passear pela esperança

A filósofa Aila Pinheiro começa o ano organizando a vida. Arruma gavetas e
esvazia a mente para dar espaço aos novos amanheceres. Desacelera, para iniciar outra caminhada. Vai devagar, beirando a praia e o dia, vendo as coisas “como quem assiste” - e redescobrindo o belo. Assim, nasce uma vez mais.

Nesta entrevista, feita em um pôr do sol do último dezembro, a filósofa indica um caminho possível para 2012 Para ela, maior do que a violência é a união. “Existem muitas pessoas se unindo em ONGs e tentando fazer algo. Não apenas dizer, ‘eu sinto muito’ e chorar em casa com a dor do outro. Estão se mobilizando. Acredito nessas organizações civis”, sublinha.
E mais forte ainda é uma certa esperança: “Acredito que o ser humano possa ser melhor”.
O POVO - O que a senhora costuma fazer na primeira semana do ano novo? Por onde recomeça?
Aila Pinheiro - Primeiro, arrumo a bagunça do quarto (risos). Como sou professora, tenho trabalhos para corrigir, aulas para preparar, livros para ler, aí, vai acumulando coisas. E, depois desse período de confraternização – que dou muito valor, estar com as pessoas, fortalecer os laços de amizade e vida comunitária -, cuido das minhas coisas. Cada gaveta que arrumo, estou com esse propósito de organizar minha vida, de não começar o ano com minha vida bagunçada. E a facilidade que tenho de morar próximo à praia, aí, no final da tarde, dou uma volta, medito. Caminho, encontro as crianças e o povo do bairro... Gosto de me aquietar mais, na primeira semana do ano. Depois, faço retiro de uma semana, vou para a serra. Mas só posso entrar em um clima para fazer um retiro se diminuir meu ritmo. Porque, se não, vou estar num lugar, mas minha mente vai estar a mil. Quero me integrar, me reestruturar. É como um renascimento, o início do ano.


OP - Qual o meio para desanuviar a cabeça? A senhora vai pelas caminhadas no calçadão...
Aila - Nessas caminhadas, vejo as pessoas correndo e penso que a beleza do mar e das coisas não é notada porque as pessoas, ou andam, ou correm pra perder peso e não prestam atenção. Minhas caminhadas não são com objetivo de estética, é pra desanuviar a mente. E gosto de sair com uma frase, vou pensando nela. E vejo todas as coisas como quem assiste: a brincadeira das crianças (aquilo me anima), as futuras gerações caminhando com idosos bem devagarinho, casais namorando... E a gente vai vendo que a vida tem sua beleza... Tinha uma garotinha tentando levar a outra na bicicletinha e eu disse: “Você consegue?”. E ela: “Vou te mostrar que eu consigo!”. E conseguiu. Bati palmas pra ela e disse: “Na vida, sempre diga ‘eu consigo’ e vá fundo!”. Isso me ajuda a não começar o ano com muitas preocupações e dar uma chance.


OP - Qual a última frase que a senhora teve em mente, quando saiu para o por do sol?
Aila - A frase de um pensador judeu (Rabi Eliezer): “Cubra-se com a poeira dos pés de seu mestre”. Os mestres do judaísmo ensinavam aos discípulos caminhando com eles - e a terra de Israel é árida, como é o Nordeste. E, no fim do dia, os discípulos estavam empoeirados. “Cubra-se com a poeira dos pés do seu mestre” é um jeito de dizer: “Ande próximo ao seu mestre, preste atenção no que ele diz, ensina”. E eu estava pensando: será que estou seguindo Jesus bem de perto, deixando-me cobrir com a poeira que sai dos seus pés? Fazendo aquilo que Ele ensinou, vivendo aqueles conceitos muito profundos, que humanizam? As pessoas não precisam nem ser cristãs para por em prática. Gandhi não era cristão e dizia que amava essa mensagem de Jesus.


OP - Em um ano, acumulamos muito, de papéis a dissabores. Do que a senhora se desfaz, para continuar a caminhada leve?
Aila - Cheguei aqui (em 2010, depois de 13 anos estudando fora, entre Minas Gerais, Espanha e Israel) e as pessoas diziam: “Que bom que ela chegou!”. E tome coisa em cima de mim! Fui aceitando, me sobrecarreguei. E estou tomando a decisão de que coisas preciso deixar. Porque já preparei algumas pessoas que podem assumir. Vou incentivar meus alunos e ex-alunos a assumirem. Se indico alguém, é porque tenho confiança plena.


OP - A senhora está exercitando a confiança no outro...
Aila - Estou. Gosto de distribuir tarefas, de perceber as capacidades que as pessoas têm e investir nos dons. Levo a fama, mas existem muitas mãos trabalhando comigo. E as pessoas precisam notar essas mãos sem a minha presença. Eu me sinto feliz de saber que um ex-aluno se sobressaiu, seguiu seu caminho. Isso é do judaísmo, que estudei tanto: a ambição de um discípulo é ser semelhante ao seu mestre. E o mestre reconhece quando o discípulo está pronto e diz: “De hoje em diante, você é mestre”. É isso que quero fazer porque assim posso colaborar mais com a sociedade.


OP - Qual a vaidade da doutora?
Aila - (risos) A vaidade é porque sou muito consciente daquilo que consegui. Não tenho essa falsa humildade em dizer: “Não sou inteligente, não li isso, não entendi”. E sou de contar histórias: “Quando fui em tal lugar...”. Quem nunca foi, acha que estou me aparecendo. Mas, para mim, é porque tudo é uma vitória. Sou uma menina que nasceu no interior do Piauí e o mais longe que minha família achou que eu poderia ir era até Teresina, fazer um curso pedagógico e voltar para ensinar onde o meu pai ensinava. Minha família mudou para Teresina e fui me desenvolvendo. As pessoas foram acreditando em mim e me incentivando. É por isso que também quero incentivar e apadrinhar as pessoas... Gosto que seja uma vitória. Acredito muito em mim e em Deus. Se somente Deus quisesse isso e eu não tivesse acreditado em mim, eu não teria saído do lugar. Deixei minha família pra poder lutar pelo o que queria, ter meus estudos, participar de uma comunidade. E estou aqui, levando a comunidade (Nova Jerusalém, no Cristo Redentor) à frente. Não entrei nessa comunidade pronta e gosto disso, porque a gente ajuda a construir. Sou muito consciente dos meus dons. Eles vêm de Deus, mas estão em mim, são talentos que faço render.


OP - E quais as principais crenças que a senhora leva para a travessia deste ano?
Aila - Acredito no ser humano. E já vi coisas terríveis, feitas pelo ser humano. Mas tenho minha fé no ser humano. Tenho uma fé na família. A maneira como a gente conduzir as crianças determina o tipo de ser humano que vamos ter no futuro. As pessoas podem fazer uma mudança a partir de uma educação correta dos filhos. Os pais, separados, ou não, são os heróis das crianças. E as crianças podem ser aquilo que os pais passarem de valores. Acredito na bondade que existe. Claro que alguns jogam a chance fora. Essa comunidade foi fundada pelo padre Caetano e ele criou muitas crianças que vinham da Febemce ou que foram colocadas na porta. Muitos não conseguiram ser boas pessoas, mas outros conseguiram. E mesmo aqueles que a gente acha que não são boas pessoas, foram presos, quando andam aqui, eu digo: “Sei que o seu coração é bom. O problema é na cabeça, você não sabe fazer as escolhas corretas”... A gente tem que acreditar e investir em mudança.


OP - O que faz a vida tão cruel, tão violenta?
Aila - A violência sempre foi uma grande questão existencial para as civilizações. Encontramos textos de mais de 3 mil anos fazendo essa pergunta: por que a violência. Houve tempo em que a violência não era tão chocante: as pessoas enforcavam em praça pública e isso era um acontecimento na aldeia. Hoje, a violência nos choca, até a violência contra os animais. Somos mais afetados pela dor do outro. Não acho que estejamos mais violentos, não há uma barbárie e não é apoiada institucionalmente. Temos ainda algumas nações que praticam o terrorismo, mas o grande número das pessoas, no mundo inteiro, se revolta com esse tipo de atitude. Se alguém vai ser apedrejado, em um dos países em que isso acontece, tem uma mobilização mundial... Notamos mais, a violência nos choca mais do que antes. Não é mais tranquilo fazer um genocídio, ditaduras... Não estamos mais violentos, observamos mais essa questão.


OP - Mas essa observação da violência gera a salvação desse mundo?
Aila - Vivemos um paradoxo. Existem muitas pessoas se unindo em ONGs e tentando fazer algo. Não apenas dizer, “eu sinto muito” e chorar em casa com a dor do outro. Estão se mobilizando. Acredito nessas organizações civis. O trabalho voluntário é de alta qualidade. A pessoa saiu de sua casa, de sua atividade cotidiana e disse: “Vou doar meu tempo, meu esforço, meus dons em prol dessa luta bem aqui...”. Pessoas de várias religiões, crenças, etnias. São organizações plurais, em prol de um objetivo. Não foi por causa de uma religião que disse: “Agora, você vai lá...”. Acredito nesse estilo de viver e dizer: “Isso me afeta e vou lutar”. Madre Tereza de Calcutá dizia: “Não me chame para uma passeata contra a guerra, porque não vou. Mas me chame para uma passeata pela paz, que estarei lá”. A gente está num momento que não é lutar contra; é lutar a favor de um valor maior. Isso sensibiliza mais.


OP - Quando o Instituto Nova Jerusalém se instalou, aqui era uma das regiões mais pobres da América Latina. Que transformações a senhora viu?
Aila - Estou aqui há 23 anos. A comunidade começou em 1981. Aqui, o padre Caetano (de Tillesse, pároco do lugar por mais de quatro décadas) fez muitas mudanças. Era um intelectual, reconhecido fora do Brasil e, quando se dizia para as pessoas simples que ele era um estudioso, elas achavam estranho porque era uma pessoa de estar junto com os pobres... Aqui, do lado, tem o Colégio São José (dos Arpoadores), era do nosso terreno. Essas ruas, era um amontoado de casas, e ele dizia: “Gente, tem que deixar a rua”. A própria avenida Leste-Oeste, chegando até a Barra do Ceará, foi uma ideia dele, ele teve que lutar por isso na Prefeitura - só queriam vir até a Pasteur. Local para escolas, departamento de polícia, clínicas de pronto-atendimento, comissões de conciliação. Quando cheguei, aqui já estava bem organizado e o principal desafio eram as gangues de adolescentes. Havia guerra.. Hoje ainda há violência, mas a violência que há em todos os lugares.


OP – Por que a opção pelos pobres?
Aila – Não vejo sentido ser uma intelectual de gabinete, estar confortável e fazendo artigo sobre Deus, enquanto alguém está do lado, passando fome ou sendo vítima de violência. Isso é uma hipocrisia. Não vou conseguir. E era isso que o padre não conseguia. Ele fazia questão, mesmo nas épocas mais perigosas, de ir a pé pra igreja, e ir cumprimentando e visitando fulano e sicrano. Gosto da academia, estou sempre envolvida com questões intelectuais – é a minha profissão. Mas não tem sentido nenhum falar de Deus e defender o direito do outro sem entrar em contato com o outro.


OP – Como é esse Deus que a senhora conhece?

Aila- Meus alunos riem quando digo: “Meu colega de trabalho...” (risos). Já sabem de quem estou falando. Deus é alguém tão presente na minha vida que é Aquele que colaboro com Ele. É alguém tão íntimo que não existe a possibilidade d´eu fazer alguma coisa, por mais secular que seja, que Ele não esteja envolvido. Não acredito nesse Deus que não entra em certos lugares. Porque o Jesus que conheci, da Bíblia, entrava onde estivesse alguém que precisasse Dele. Ele não selecionou pessoas. E eu não posso fazer isso, se quiser segui-lo tão de perto, a ponto de deixar me cobrir com a poeira dos pés Dele. Compreendo um Deus que está comigo desde que acordo, que faço uma caminhada, que encontro com as pessoas para tomar um café bem conversado. Nos momentos de orações, mas nos momentos em que eu me confraternizo, que vou para uma festinha com os alunos e a gente se diverte, ri. Tenho momentos fortes de com Ele, de oração, meditação, para recarregar as baterias. Então, é uma presença que está em mim e caminho com aquela presença.
 

OP – É um Deus que julga?
Aila – Aí vai depender de como a gente entende esse julgar... É preciso que se pense que Deus é alguém que faça com que a gente assuma as consequências dos nossos atos. Em Deus, a misericórdia não é adversária da justiça. E Deus não deixa de amar quando as pessoas têm que encarar as consequências dos próprios atos. Na dimensão cristã, sempre se acredita que se as consequências que não são assumidas do lado de cá, de alguma forma, têm que ser assumidas na dimensão definitiva. Cada um tem suas teorias sobre como será isso. E é algo que a gente diz pela fé, porque não sabemos. O que sabemos é que Deus, mesmo quando exerce a justiça, continua amando. Ele não é inimigo de ninguém, não quer a destruição do ser humano, mas as pessoas têm que encarar as consequências do que fizeram aos outros.


OP – Por que as pessoas estão tão mais intolerantes e como restaurar o respeito às diferenças?

Aila – É outro paradoxo da nossa época, que é muito plural. As pessoas tentam participar de pequenos grupos – as chamadas tribos - e não aceitam um grupo diferente. Não chegamos ainda no ponto certo, que é nos reunir por afinidades, mas respeitar o outro grupo que tem outras afinidades. Esse é o grande desafio da nossa época. A intolerância começa desde os pequenos grupos dos adolescentes, nos colégios, até formar coisas mais sérias.
 

OP – Passa pela educação...
Aila – Sim. Nesse ponto, os pedagogos têm um grande papel. É uma coisa que se tem que vigiar e se educar as pessoas a respeitar o diferente. Na geração anterior, lutaram tanto por respeito à igualdade, que esqueceram que o respeito se dá ao diferente. Quando ensinei na faculdade dos jesuítas, em Belo Horizonte, que um aluno começou a criticar minhas aulas porque eu não fazia igual a um padre jesuíta, tive que dizer: “Quando você se matriculou na minha matéria, sabia que sou brasileira, nordestina, mulher. Não sou padre, jesuíta e não tenho 40 anos de estudo bíblico. Paciência, você tem que respeitar o fato d´eu ser diferente do outro professor que se aposentou”. Temos que lutar para que nossas diferenças sejam respeitadas, para que possam conviver harmoniosamente. Porque elas são maravilhosas.


OP – À luz da filosofia, o que significa esperança, uma palavra já tão gasta e tão reciclada no começo do ano?
Aila – Esperança quer dizer que algo ainda não estou vendo, mas acredito na possibilidade acontecer. E não é esperar de braços cruzados, que eu contribua para que esse algo venha a acontecer. Tem uma passagem da Carta aos Hebreus que diz que nossa esperança é como uma âncora lançada para o céu. A âncora mantém o navio sem ficar à deriva. E essa Carta aos Hebreus diz que a esperança é uma âncora, ela nos mantém seguros. É porque acredito que algo melhor, que ainda não nasceu, possa acontecer, que me sinto seguro. Não é porque estou vendo, é porque eu acredito. É por isso que ela está muito ligada com a fé. Então, acredito que o ser humano possa ser melhor. Veja: estamos conversando aqui (calçadão da Vila do Mar) e isso, há alguns anos, seria impossível. Não teria essa tranquilidade, as crianças sem ter medo de uma bala, brincando, soltando pipa, correndo pra lá e pra cá, as pessoas caminhando... Foram pessoas que acreditaram que era possível, lutaram por isso, deram o melhor de si, que fez isso acontecer. Se as pessoas tivessem cruzado os braços, “Isso é um bairro violento e não tem jeito”, isso aqui não seria possível. Muitas pessoas não viram, faleceram, mas acreditaram. E a esperança delas possibilitou isso.

Frases

Sou muito consciente dos meus dons. Eles vêm de Deus, mas estão em mim, são talentos que faço render.
 

O trabalho voluntário é de alta qualidade...
Acredito nesse estilo de viver e dizer: “Isso me afeta e vou lutar”.

Ana Mary C. Cavalcante
anamary@opovo.com.br


Fco Fontenele
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