Todos os anos, no mês de agosto, mês
dedicado às diversas vocações na Igreja, celebra-se a Semana da Família.
É significativa a comemoração do Dia dos Pais no segundo domingo de
agosto. Ligada a esta comemoração, já há diversos anos realiza-se a
Semana da Família.
Por que este destaque especial à Família na vida eclesial e na ação evangelizadora da Igreja.
Sempre a Família foi
reconhecida ambiente eclesial. Desde os inícios da História da Igreja,
passou pelas famílias o caminho do Evangelho. Já nos Atos dos Apóstolos
vemos que o anúncio do Evangelho vai repercutir na vida das pessoas e em
seu ambiente natural fundamental, a família. Assim serão convertidas e
batizadas famílias inteiras (cf. At. 10 e 16)
Será assim que, a família –
primeira comunidade humana natural, se constituirá em célula da Igreja –
Igreja doméstica. Ali se reúnem dois ou mais em nome de Cristo e, como
Ele mesmo prometeu, está no meio deles.
A história humana é toda ela
marcada de engrandecimento de um lado e de ataques à instituição
familiar por outro. A humanidade ferida pelo pecado é ambígua em suas
realizações. Muitos males que brotam no coração humano ferem os
relacionamentos familiares e degeneram as estruturas sociais a partir da
célula familiar.
A graça salvadora de Cristo é
oferecida à humanidade para sua redenção. Ela toca as pessoas humanas
no mais íntimo de seu ser. O Evangelho é oferecido respeitosamente à
inteligência e à liberdade de cada pessoa humana. Já o prólogo do
Evangelho segundo João (cap. 1) nos apresenta esta misericordiosa e
estupenda obra de Deus: “9 Esta era a luz verdadeira, que vindo ao mundo a todos ilumina. (Jesus – o Verbo feito carne) 10 Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a reconheceu. 11 Ela veio para o que era seu, mas os seus não a acolheram. 12 A quantos, porém, a acolheram, deu-lhes poder de se tornarem filhos de Deus: são os que crêem no seu nome. 13 Estes foram gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14
E a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua
glória, glória que recebe do seu Pai como filho único, cheio de graça e
de verdade. … 16 De sua plenitude todos nós recebemos, graça por graça. 17 Pois a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus; o Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer.”
Em sintonia e continuidade
com o VII Encontro Mundial das Famílias, que ocorreu em Milão nos dias 1
a 3 de junho p.p., promovido pelo Pontifício Conselho para a Família, a
Semana da Família no Brasil, promovida pela CNBB, a se realizar entre
os dias 12 e 18 de agosto próximo, dedica-se ao tema: “Família – o trabalho e a festa”.
Sempre propondo o aprofundamento da vida familiar no Evangelho de Jesus
para que a vida familiar seja iluminada e potenciada pela fé.
Não temos apenas o que de
obscuro e tenebroso a dizer sobre a realidade familiar hoje. Temos muita
luz e testemunho de realização e felicidade na família que encontrou
seu Caminho, sua Verdade e sua Vida.
O Papa Bento XVI assim se
referia à evangelização da família em sua homilia no encontro de Milão:
“O projeto de Deus para o casal humano alcança a sua plenitude em Jesus
Cristo, que elevou o matrimônio a Sacramento. Com um dom especial do
Espírito Santo, queridos esposos, Cristo faz-vos participar no seu amor
esponsal, tornando-vos sinal do seu amor pela Igreja: um amor fiel e
total. Se souberdes acolher este dom, renovando diariamente o vosso
«sim» com fé e com a força que vem da graça do Sacramento, também a
vossa família viverá do amor de Deus, tomando por modelo a Sagrada
Família de Nazaré. Queridas famílias, pedi muitas vezes, na oração, o
auxílio da Virgem Maria e de São José, para que vos ensinem a acolher o
amor de Deus como o acolheram eles. A vossa vocação não é fácil de
viver, especialmente hoje, mas a realidade do amor é maravilhosa, é a
única força que pode verdadeiramente transformar o universo, o mundo.
Daí a feliz conclusão a ser
trabalhada como reconstrução da mesma realidade familiar: “Família,
trabalho, festa: três dons de Deus, três dimensões da nossa vida que se
devem encontrar num equilíbrio harmonioso. Harmonizar os horários do
trabalho e as exigências da família, a profissão e a paternidade e
maternidade, o trabalho e a festa são importantes para construir
sociedades com um rosto humano. Nisto, privilegiai sempre a lógica do
ser sobre a do ter: a primeira constrói, a segunda acaba por destruir. É
preciso educar-se para crer, em primeiro lugar na família, no amor
autêntico: o amor que vem de Deus e nos une a Ele e, por isso mesmo,
«nos transforma em um Nós, que supera as nossas divisões e nos faz ser
um só, até que, no fim, Deus seja “tudo em todos” (1 Cor 15, 28)» (Enc. Deus caritas est, 18). Amém.” Bento XVI
Como não perceber atuante a
força renovadora do Evangelho de Jesus para a renovação da vida humana, a
recriação da família humana, a reconstrução da sociedade humana!
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo de Fortaleza
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