Setembro é para a Igreja no Brasil o mês da Bíblia. Todos os anos este mês é oportunidade para maior contato, conhecimento, valorização e vivência da Palavra de Deus contida neste Livro único da revelação. Repete-se um cântico em nossas comunidades: “A Bíblia é a Palavra de Deus semeada no meio do Povo, que cresceu, cresceu e se transformou, ensinando a viver um mundo novo!” Nesta oportunidade não poderíamos deixar de retomar a Exortação Apostólica pós Sínodo dos Bispos de 2008, escrita pelo Papa Bento XVI e que reapresenta a Palavra do Senhor para toda a Igreja, em sua riqueza de vida e de missão. Recordamo-nos da parábola que Jesus nos deu: “O Reino dos Céus é como um grão de mostarda que alguém pegou e semeou no seu campo. 32 Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior que as outras hortaliças e torna-se um arbusto, a tal ponto que os pássaros do céu vêm fazer ninhos em seus ramos”. 33 E contou-lhes mais uma parábola: “O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em três porções de farinha, até que tudo ficasse fermentado”. (Mt 13, 31-33) A Palavra de Deus é semeada no coração da humanidade. Pequenino meio para tão grande fim – o Reino de Deus! Deixemos o Papa nos falar diretamente…
<<1. APALAVRA DO SENHOR permanece eternamente. E esta é a palavra do Evangelho que vos foi anunciada » (1 Pd 1, 25; cf. Is 40, 8). Com esta citação da Primeira Carta de São Pedro, que retoma as palavras do profeta Isaías, vemo-nos colocados diante do mistério de Deus que Se comunica a Si mesmo por meio do dom da sua Palavra. Esta Palavra, que permanece eternamente, entrou no tempo. Deus pronunciou a sua Palavra eterna de modo humano; o seu Verbo « fez-Se carne » (Jo 1, 14). Esta é a boa nova. Este é o anúncio que atravessa os séculos, tendo chegado até aos nossos dias. A XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se efetuou no Vaticano de 5 a26 de Outubro de 2008, teve como tema A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Foi uma experiência profunda de encontro com Cristo, Verbo do Pai, que está presente onde dois ou três se encontram reunidos em seu nome (cf. Mt 18, 20). Com esta Exortação apostólica pós-sinodal, acolho de bom grado o pedido que me fizeram os Padres de dar a conhecer a todo o Povo de Deus a riqueza surgida naquela reunião vaticana e as indicações emanadas do trabalho comum. 1 Cf. Propositio Nesta linha, pretendo retomar tudo o que foi elaborado pelo Sínodo, tendo em conta os documentos apresentados: os Lineamenta, o Instrumentum laboris, os Relatórios ante e post disceptationem e os textos das intervenções, tanto os que foram lidos na sala como os apresentados in scriptis, os Relatórios dos Círculos Menores e os seus debates, a Mensagem fi nal ao Povo de Deus e sobretudo algumas propostas específicas (Propositiones), que os Padres consideraram de particular relevância. Desejo assim indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial. Para que a nossa alegria seja perfeita.
2. Quero, antes de mais nada, recordar a beleza e o fascínio do renovado encontro com o Senhor Jesus que se experimentou nos dias da assembléia sinodal. Por isso, fazendo-me eco dos Padres, dirijo-me a todos os fi éis com as palavras de São João na sua primeira carta: « Nós vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que nos foi manifestada – o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Quanto à nossa comunhão, ela é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo » (1 Jo 1, 2-3). O Apóstolo fala-nos de ouvir, ver, tocar e contemplar (cf. 1 Jo 1, 1) o Verbo da Vida, já que a Vida mesma se manifestou em Cristo. E nós, chamados à comunhão com Deus e entre nós, devemos ser anunciadores deste dom. Nesta perspectiva querigmática, a assembleia sinodal foi um testemunho para a Igreja e para o mundo de como é belo o encontro com a Palavra de Deus na comunhão eclesial. Portanto, exorto todos os fiéis a redescobrirem o encontro pessoal e comunitário com Cristo, Verbo da Vida que Se tornou visível, a fazerem-se seus anunciadores para que o dom da vida divina, a comunhão, se dilate cada vez mais pelo mundo inteiro. Com efeito, participar na vida de Deus, Trindade de Amor, é a alegria completa (cf. 1 Jo 1, 4). E é dom e dever imprescindível da Igreja comunicar a alegria que deriva do encontro com a Pessoa de Cristo, Palavra de Deus presente no meio de nós. Num mundo que frequentemente sente Deus como supérfluo ou alheio, confessamos como Pedro que só Ele tem « palavras de vida eterna » (Jo 6, 68). Não existe prioridade maior do que esta: reabrir ao homem atual o acesso a Deus, a Deus que fala e nos comunica o seu amor para que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10, 10). (Exortação Apostólica Verbum Domini, Papa Bento XVI)>>
Poderemos ainda penetrar em toda a riqueza dos ensinamentos sobre a Palavra do Senhor, continuando a leitura de toda a Exortação Apostólica Verbum Domini. Nela encontraremos as luzes necessárias para a vida e a missão da Igreja no hoje de nossa história.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza
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